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Cancro da mama: mitos e realidades

                                                  CANCRO DA MAMA
                                                 mitos e realidades

Tal como muitas mulheres com seios grandes, a Bárbara C. acreditava que o tamanho, tal como os recorrentes quistos benignos que tinha, representavam um risco de cancro da mama. Na realidade, nenhum deles é o precursor de uma doença que afecta anualmente mais de 3 500 mulheres em Portugal.

Vários mitos cercam o cancro da mama, com alguns médicos a acreditar em parte deles, segundo diz Kathy Helzlsouer, professora assistente de oncologia e epidemiologia na Faculdade de Medicina de Johns Hopkins, em Baltimore. "Muitos médicos acreditam que o lado paterno da família não é importante, mas uma tendência hereditária pode vir tanto do lado materno como do paterno," disse a Dra. Helzlsouer. "Por isso, ambos deverão ser relatados."

Outros mitos comuns e suas possíveis causas, incluem:


Mito: Mulheres com seios grandes são mais susceptíveis de ter cancro da mama.

Realidade: O tamanho dos seios não tem ligação directa com o cancro da mama. O mito talvez tenha origem no facto de a gordura corporal excessiva estar, realmente, relacionada com o cancro da mama, uma vez que a gordura corporal produz hormonas. "Para termos qualquer espécie de cancro é necessário despoletadores e causadores. Os despelotadores causam-no, e os causadores promovem-no. Continua a ser uma área a investigar, mas o estrogénio pode promover. Tem-se visto que as mulheres que têm uma gordura corporal elevada têm níveis mais altos de estrogénio que, em alguns casos, pode estar relacionado com o cancro da mama. Da mesma forma, as mulheres com excesso de peso têm tendência a ter mais tecido mamário, assim, isso pode ter ajudado a criar o mito," diz Lynne Carpenter, médica no Breast Care Center, da Universidade de Michigan.

 

Mito: Um traumatismo no seio, tal como uma pancada ou uma nódoa negra, pode causar um tumor maligno.

Realidade: "O que é mais provável é que o cancro já lá estivesse, e que depois da pancada a mulher se desse conta de que havia alguma coisa e fosse ao médico. É um mito que tem vindo ao longo dos anos, mas não é, realmente, verdadeiro," diz a Dra. Carpenter.

 

Mito: O consumo de cafeína pode causar o cancro da mama.

Realidade: Há um relacionamento entre o café e quistos benignos ou caroços no seio, mas não caroços ou quistos malignos. "A metilxantina na cafeína e, evidentemente, no chocolate, café e chá, poderá causar os caroços que algumas mulheres têm, mas não há qualquer relação entre estes quistos ou caroços e o cancro da mama," diz a Dra. Carpenter. O que pode estar relacionado com o cancro é a gordura alimentar, de acordo com a Dra. Helzlsouer. "Ainda existe alguma controvérsia no que refere à ingestão da gordura alimentar e o cancro da mama, mas há muito boas razões para baixar já o consumo, principalmente doenças cardíacas," diz ela.Contudo, os estudos que estão a decorrer indicam que o consumo de álcool poderá estar ligado ao aumento do risco de cancro da mama. Investigadores da Universidade de Buffalo descobriram que as mulheres pré-menopausicas, com uma forma de enzima metabolizadora do álcool, de actuação rápida, que ingerem pelo menos dois copos diários, parecem ter três vezes mais hipóteses de risco de desenvolverem cancro da mama, quando comparadas com as que bebem menos com essa forma de enzima de actuação rápida, ou com aquelas que têm uma forma de actuação mais lenta.

 

Mito: O exercício de esforço, tal como o levantamento de pesos ou a corrida, contribuem para o cancro da mama.

Realidade: O exercício até pode, na realidade, reduzir a incidência de cancro da mama. "Estudos mostram que uma mulher pode obter altos benefícios fazendo exercício físico quatro horas por semana. Acredita-se que o exercício altera, de forma benéfica, as hormonas femininas. Não é apenas o estrogénio, mas todo um perfil de hormonas que afectam o organismo da mulher," diz Helzlsouer, "e os estudos a decorrer irão dar mais luz sobre a forma como os exercícios funcionam como medida preventiva." "As mulheres que treinam muito poderão experimentar alguma dor nos seios por terem rasgado ligamentos minúsculos que seguram o seio, de maneira que se acontece terem dores no seio, não é cancro. Nestas situações, algumas mulheres poderão fazer um exame da mama, por sentirem a dor. Como estão a fazer um exame numa altura em que normalmente o não fariam, poderão encontrar um caroço," diz Carpenter.

 

Mito: As mamografias fazem as vezes do auto-exame.

Realidade: Vinte por cento dos cancros da mama não são visíveis na mamografia, muito embora ela possa detectar pequenos neoplasmas que poderão ser sinais de um cancro da mama em fase inicial. "Essa é a beleza de uma mamografia," diz Carpenter, "mas não pode ser isolada. Através de um auto-exame da mama poderemos ficar a saber o que é normal para o nosso seio. Quando sentimos alguma coisa diferente, isso dar-nos-á um aviso de que está a acontecer alguma coisa." A Dra. Helzlsouer diz que as mulheres de mais de 40 anos deveriam fazer um auto-exame uma vez por mês e uma mamografia com exame médico da mama, anual.

 

Mito: O cancro da mama é a principal causa de morte entre as mulheres.

Realidade: Não. A principal causa de morte entre as mulheres é a doença cardíaca, seguida do cancro do pulmão.O Dr. Eric Louie, presidente da American Heart Association of Metropolitan Chicago, salientou, numa Conferência sobre a Mulher e a Doença Cardíaca que "anualmente, 500.000 mulheres morrerão de doenças cardiovasculares, o que é duas vezes o número de mulheres que morrerão de cancro nesse mesmo ano (todas as espécies), e o que excede o número total de mulheres que morrerão de cancro, doenças pulmonares e diabetes, combinado."No entanto, nenhum profissional médico minimiza o aumento prevalecente de cancro da mama. Em 1993, nos Estados Unidos, 108,3 mulheres de cada 100.000 foram diagnosticadas com cancro da mama – comparada com 82,6 em 1973. Em Portugal, em 1993, foram diagnosticados 3.188 casos, com uma incidência de 62,20%. Estes números, contudo, podem ser relacionados com os melhores métodos de detecção e com as mudanças que as mulheres sofreram nos últimos anos, de acordo com a Dra. Benita S. Katzenellenbogen, professora de fisiologia e biofísica da Universidade de Illinois em Urbana."As mulheres começam o ciclo mais cedo, estão a ter filhos mais tarde, e a menopausa acontece numa idade mais avançada, o que significa que as mulheres estão a ter funções ovaricas durante um período mais longo, o que acresce o aumento do factor de risco," diz Katzenellenbogen.

 

Mito: Alguns alimentos contribuem para o cancro.

Realidade: Não se sabe ao certo se algum alimento em particular contribui para o cancro. Contudo, alguns alimentos inibem o cancro. De acordo com a Dra. Katzenellenbogen, os produtos de soja, que têm fitoestrogénios, e outras fontes vegetais, podem ajudar a baixar o risco de cancro da mama. Os fitoestrogénios também podem ser encontrados em muitos outros vegetais (especialmente os de folha verde).Muitos frutos e vegetais, incluindo alho, tomate, verduras, cebola, feijão de soja e uvas, também contêm fitoquímicos, que servem como antioxidantes e evitam danos nas células.Além disso, estudos feitos no National Institute of Environmental Health Sciences, em North Carolina, mostram que os vegetais com alto nível de vitamina A e B-caroteno têm um efeito protector contra o cancro da mama.

 

Mito: O cancro da mama causa dores, por isso as mulheres saberão quando o têm.

Realidade: "Nem todo o cancro da mama provoca dores. A dor acontece quando alguma coisa corta ou pressiona os terminais nervosos, e temos uma razoável quantidade de espaço em que alguma coisa pode acontecer sem pressionar os terminais nervosos. A dor pode, também, estar relacionada com o rotura de ligamentos, ou quistos, que são sacos cheios de líquido. A dor pode estar relacionada com uma quantidade de coisas diferentes," diz Carpenter.

 

Mito: Todas as pessoas com cancro da mama recebem o mesmo tratamento.

Realidade: Nem todos os cancros da mama recebem o mesmo tratamento. "Queremos ver a nossa situação explicada em termos do que é melhor para nós", disse Carpenter. "Nenhuma de nós sabe por que foi que Nancy Reagan escolheu o que escolheu para o seu tratamento (mastectomia). Ela tinha um cancro bem pequenino. Poderia ter sido candidata a uma tumorectomia com radiação. Mas, para o fazer, teria de ser escoltada diariamente para radiação. Como era uma figura pública, isso iria provavelmente trazer-lhe problemas no seu papel de primeira dama. Por isso, além das decisões sobre a melhor maneira de tratar uma pessoa em particular, também tem a ver com o estilo de vida. Há, ainda, diferenças que concernem a história familiar e a saúde em geral."

 

Mito: Atitudes erradas ou más podem causar cancro.

Realidade: De acordo com Carpenter, claro que não. Talvez o sistema imunitário possa sofrer uma depressão e um cancro, que já lá esteja, possa crescer, mas tem de começar por haver um despoletador e um promotor. Depois, se outras coisas estiverem a acontecer, tal como acontecimentos stressantes, ou talvez não dormir o suficiente, e o corpo não estar com a melhor saúde, o sistema imunitário não estará, talvez, na sua capacidade máxima. Normalmente, quando uma das nossas células se deteriora, o nosso sistema imunitário toma conta dela. Mas se estiver, digamos, deprimido, então poderá deixar aquela pequena célula cancerosa passar sem ser reconhecida. 

 

Mito: Já deveríamos ter uma cura para o cancro.

Realidade: Há cerca de 100 espécies de cancro, cada um causado por muitos factores diferentes, por isso não há um tratamento único que possa curar todos.Em 1972 o orçamento do National Cancer Institute (Estados Unidos) para toda a investigação do cancro foi de 379 milhões de dólares. Hoje, é de 332 milhões de dólares só para a investigação do cancro da mama."Estamos a trabalhar com a ciência que temos disponível. Temos feito progressos tremendos. Temos, realmente, mulheres a viverem vidas completas, naturais, depois de terem sido diagnosticadas num estágio inicial," diz Carpenter. E hoje 85% das doentes vivem cinco ou mais anos depois do tratamento.

 

Mito: À luz dos seus efeitos sobre o cancro da mama, é um risco tomar estrogénio.

Realidade: Estudos a decorrer, incluindo o estudo compreensivo da Nurse’s Health Study at Brigham and Woman’s Hospital em Boston, iniciado em 1976, indicam que embora exista um aumento de cancros da mama para algumas mulheres que fazem uma terapia de substituição de estrogénio (THS) durante mais de 10 anos, os benefícios para o coração da maioria das mulheres aumentam substancialmente. "A relação risco benefício (comparando o risco elevado de cancro da mama e o risco de doença cardiovascular) é maior para as mulheres que escolhem THS," diz Katzenellenbogen. Por outras palavras, as mulheres que tomam THS têm uma redução na mortalidade em geral por causa dos benefícios cardiovasculares.A THS também parece melhorar os efeitos de osteoporose, uma doença que enfraquece os ossos, e poderá ter efeitos benéficos sobre a doença de Alzheimer, uma vez que os estudos indicam que os níveis reduzidos de estrogénio têm um papel importante nessa doença.Entretanto, os profissionais de saúde dizem que as mulheres devem cuidar da sua saúde em geral, incluindo alimentação, exercício físico e checkups regulares como forma de reduzir o risco de cancro da mama. 

 

 

 Rita Robinson

 Extraído da revista Saúde e Lar n.º 689 

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